Compartilhe esse conteúdo.

Essa foi uma das proposições que sairam da audiência realizada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina nessa semana.

Audiência pública foi promovida no Plenarinho da Alesc nesta terça-feira (27) (Foto: olon Soares/Agência AL).

A diferença entre doença e deficiência, aos olhos de quem não passa por determinadas situações, pode ser mínima. Entretanto, para quem depende de acesso a serviços públicos, a questão pode significar portas fechadas para alguns benefícios e direitos garantidos por lei.

Para sanar essa situação e buscar uma prática uniforme em Santa Catarina, a Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência, por iniciativa do seu presidente, deputado Dr.Vicente Caropreso (PSDB), promoveu nesta terça-feira (27) uma audiência pública para debater as diferenças entre doença e deficiência, e a importância da correta aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF).

Logo na abertura, o parlamentar explicou que não se trata de uma mera questão de grafia. A doença é uma condição de saúde que pode ser temporária ou evolutiva. Já a deficiência implica limitações nas atividades do dia a dia e dificuldades de participação na sociedade, sobretudo quando há barreiras físicas ou sociais.

A devida compreensão entre as duas condições e a conceituação da CIF influenciam na concessão de direitos e benefícios, de acordo com o deputado Caropreso. 

“Nem toda doença leva a uma deficiência, e nem toda pessoa com doença crônica tem direito aos mesmos benefícios destinados às pessoas com deficiência. Muitas vezes a pessoa é classificada como deficiente para acesso a um benefício e para outro não”, afirmou. “Justamente por isso queremos saber até que ponto uma CID, a classificação da doença, pode classificar um paciente como pessoa com deficiência. Buscamos um consenso nesta denominação, um consenso estadual, federal, para a correta aplicação e elaboração de legislação”.

Caropreso destacou que o debate se torna ainda mais relevante diante das recentes alterações na legislação catarinense, que ampliaram o rol de doenças e condições clínicas previstas na Lei 17.292/2017, norma que estabelece os direitos e benefícios assegurados às pessoas com deficiência.

“Uma das inquietações que nos motivaram a promover esse debate foi o expressivo número de projetos sobre o tema apresentados nesta Casa Legislativa, motivados por demandas diárias do cidadão”, disse. “Denominamos esse fenômeno de fadiga de acesso que é o esgotamento físico e emocional diante do excesso de burocracia para as pessoas que buscam acessar serviços e direitos que lhe são garantidos por lei”.

Imprecisão pode gerar normas inadequadas

A deputada Janice Krasniak (Podemos) também afirmou que a diferenciação entre deficiência e doença deve ser observada para a correta elaboração de leis no Parlamento Catarinense. “Essa diferenciação conceitual é essencial, pois uma eventual imprecisão pode gerar normas inadequadas, dificultando o acesso de quem precisa”, apontou.

A audiência contou com o apoio do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conede-SC) e reuniu especialistas das áreas da saúde e do direito, representantes do Governo do Estado, entidades da sociedade civil, conselhos ligados à defesa dos direitos das pessoas com deficiência e profissionais da saúde.

Objeto de caridade

A auditora fiscal do trabalho e coordenadora do Projeto de Inclusão em Santa Catarina, Luciana Xavier Sans de Carvalho, traçou um panorama sobre a legislação brasileira no que diz respeito aos direitos das pessoas com deficiência.

Ela informou que Santa Catarina possui o sexto melhor desempenho do Brasil em relação à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. De acordo com os dados do Caged referentes a abril de 2025, são 34.340 trabalhadores contratados, o que representa 65,8% do cumprimento da cota. Houve evolução significativa em relação a 2018, quando o estado contabilizava 18.030 contratos ativos (45% da cota).

“O problema é que muitas vezes a pessoa com deficiência é tratada como objeto de caridade e não como um ser, uma pessoa com direitos plenos”, pontuou, destacando que a Lei de Inclusão, criada em 2015, foi positiva para a mudança gradativa do cenário. “Até então, o conceito de deficiência era feito por pessoas sem deficiência para atender a eles, as pessoas com deficiência”.

CID x CIF

Classificação Internacional de Doenças (CID) e Classificação Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde (CIF) são ferramentas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que têm objetivos e focos completamente diferentes. A primeira classifica doenças e causas de morte, enquanto a CIF avalia a funcionalidade, incapacidade e saúde de um indivíduo, considerando a interação entre saúde, ambiente e funcionalidade.

Protocolo único

Um dos encaminhamentos definidos foi justamente elaborar um projeto de lei determinando a adoção de um protocolo único baseado na avaliação da CIF, com a criação de grupo de trabalho formado entre Alesc e secretarias de assistência social, educação, saúde e direitos humanos.

Além disso, entre os encaminhamentos também está a unificação de políticas públicas estaduais, evitando classificação redundante, criação de um sistema digital integrado que possa evitar que o usuário necessite fazer cadastros em vários órgãos distintos e criação de campanhas sobre direitos das pessoas com deficiência.

Por: TV Portal Grande Floripa com a colaboração de Fabricio Escandiuzzi

Participe do nosso Grupo de whatsapp da TV Portal Grande Floripa clique aqui

A TVPGF reforça o compromisso com o jornalismo isento, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *