Florianópolis está em segundo lugar em número de mortes no estado com 103 motociclistas em óbito nas ruas e rodovias da cidade e no último dia 10 de julho aconteceu uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores para tratar sobre segurança e remuneração da categoria de entregadores.

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Na imagem acima acidente ocorrido em 2022 na SC 401 m Florianópolis terminou com motocilcista morto (Foto: PMSV/SC)

Nos últimos meses os entregadores tem se articulado para mostrar sua importância para a atual sociedade que muitas vezes os ignora.

Mas, faça chuva ou faça sol eles estão lá, no corre matando a sua fome ou levando a encomenda urgente. Aquela que tinha horário para chegar e não poderia atrasar. É levando a vida entre aceleradas e freiadas que os motoboys seguem a dura jornada diária.

Além do risco iminente da profissão com os acidentes que quando não matam deixam sequelas para a vida toda.

Segundo dados públicos divulgados aqui pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) do Governo do Estado de Santa Catarina e que a TV portal Grande Floripa baseou esse conteúdo entre 2020 e 2024 houve um aumento de 23,6% no número de óbitos de motociclistas decorrentes de acidentes de trânsito em Santa Catarina.

Em 2020 foram 432 mortes de condutores de motocicletas, quatro anos depois esse número chegou em 2024 a 534 mortes. Houve uma queda nas internações de 4.432 para 4351 no ano passado. O documento faz uma observação nesse caso, que apesar da diminuição parecer positiva ela pode refletir a gravidade dos acidentes com o aumento da mortalidade. Ou seja em vez dos acidentes terminarem com condutor ou passageiro indo para uma emergência do hospital eles estão aumentando as estatísticas de óbitos de motociclistas e os números refletem essa tendência.

Faixa Etária

O levantamento também aponta a idade que essas pessoas estão perdendo a vida em cima de uma moto.

Os homens são os que mais morrem nos acidentes que envolvem motos. Foram 2.103 motoristas do sexo masculino contra 287 mulheres que perderam a vida nas estradas pilotando esse tipo de veículo.

Entre 2020 e 2024 o estudo mostra que 616 motociclistas que perderam a vida tinham entre 18 a 25 anos. É o maior número entre todas as faixas etárias e mostra que os jovens estão perdendo a vida em cima das motos.

Cidades com maior número de mortes

No ranking do trânsito das cidades que mais matam em Santa Catarina mostra que a maior cidade do estado, Joinville lidera a lista com 131 mortes de motociclistas em 18.569 acidentes em quatro anos. Florianópolis aparece em segundo lugar com 103 mortes e 16.498 acidentes com registros de mortes. Completa o pódio negativo de mortes São José com 61 óbitos e 10.178 acidentes com motos.

Audiência Pública em Florianópolis

A Comissão de Trabalho Legislação Social e Serviço Público da Câmara Municipal de Vereadores de Florianópolis, realizou na quarta-feira (10/7) uma Audiência Pública com a finalidade “Debater sobre as condições de trabalho e direito dos motoboys e entregadores por aplicativo”.

O presidente da Comissão Luiz Fernando Bezerra (MDB), abriu a audiência e passou a coordenação dos trabalhos para a vereadora propositora  Ingrid Sateré Mawé (PSOL). Participaram ainda os vereadores Leonel Camasão (PSOL), Manu Vieira (PL), Bruno Ziliotto (PT) e Ricardo Pastrana (PSD), este último que é relator de duas matérias que tramitam na Câmara relacionados a profissão do entregador.

Estavam presentes ainda como convidados representantes da prefeitura de Florianópolis, da Polícia Militar e do do Detran/SC.

O primeiro a falar representando os entregadores foi Alexandre Santos do Sindicato dos Motoboys. Alexandre, que é entregador, abordou o Projeto de Lei (PL) 2479/2025 que aguarda tramitação na Câmara dos Deputados.

Segundo pesquisa do jornalismo da TV Portal Grande Floripa o Projeto de Lei (PL) 2479/2025, proposto pelo deputado federal Guilherme Boulos, visa estabelecer um piso nacional para a remuneração de trabalhadores de aplicativos de entrega e mototaxistas. O projeto busca garantir condições de trabalho mais dignas para esses profissionais, incluindo remuneração mínima por entrega, adicionais por quilômetro rodado e obrigatoriedade de seguro contra acidentes. Além disso, o PL prevê a criação de pontos de apoio para os trabalhadores e a garantia de transparência no uso de algoritmos pelas plataformas. 

Na tribuna Alexandre Santos disse que o PL prevê taxa mínima de remuneração para entregadores de APP de R$ 10,00, R$ 2,50 por km rodado, limitação de 3km para bicicletas e taxa integral por entrega.

“Esse projeto, apesar de tratar sobre remuneração, ele garante pra nós também a dignidade a saúde e a segurança. Porque um trabalhador que ganha um valor justo e precisa passar menos tempo na rua exposto a violência do trânsito. Então pautar esse projeto é salvar vidas”, afirmou.

Logo depois foi a vez de Anderson do Sindmotos que inicou abordando a trajetoria de luta do Sindicato em defesa da categoria dos entregadores. Lembrou de uma Audiência de 2023 também na Câmara de Vereadores de Florianópolis. E disse que muitas das demandas daquela Audiência são as mesmas de hoje. Também relembrou vidas perdidas em acidentes recentes em cima de viadutos e uma revindicação de proteção lateral nos viadutos de Canasvieiras  e no do CIC.

Os entregadores através do Coletivo Catarinense e dos Sindicatos, segundo Anderson, já somam 12 mil  na cidade.

Ele pediu menos burocracia política e mais olhar aos entregadores.

O Secretário Municipal, Araújo Gomes, que representou a prefeitura de Florianópolis na Audiência,destacou a importância da “segurança” no exercício da atividade.

Segundo Araújo “o Brasil é campeão em  de acidentes de trânsito e Florianópolis tem estatísticas bem preocupantes e isso tem sido tema de reunião pra reduzir as mortes e fatalidades no trânsito”.

“Quanto mais horas se passa em cima de uma motocicleta mais provável que vocês se envolva em um acidente. Acidentes que geralmente são terríveis. Custo bastante grande para a cidade. Primeiro o custo humano e depois  estrutura de saúde da cidade para o tratamento”, lembrou.

Araújo ainda falou sobre a instalação de uma câmera de vídeo na chamada curva do óleo, revindicação da categoria segundo ele, e ainda disse que a prefeitura é a favor da obrigatoriedade das empresas de App criarem de pontos de apoio para os entregadores.

Ricardo Alves, vice presidente do Detran/SC, falou sobre os avanços da legislação relacionadas a categoria. Disse também que o órgão está em fase de levantamentos de uma possível implantação da chamada faixa azul. Uma faixa de rolamento nas ruas que seriam exclusivas para as motocicletas. Isso já acontece em São Paulo, por exemplo, segundo Ricardo.

Todos os vereadores foram unânimes em suas falas da importância do serviço prestado pela categoria dos entregadores na cidade de Florianópolis.

A propositora da Audiência Pública, Ingrid Sateré Mawé (PSOL), disse que fica contente ao saber que a prefeitura estuda a implantação de uma “moto faixa”, porque, segundo a edil, essa foi uma demanda que veio dos entregadores e não é uma pauta da vereadora e sim da categoria.

Nas falas das inscrições vários movimentos se manifestaram. Entre os motoboys que trabalham na cidade estava Claudio, que é do Coletivo Catarinense.

Ele lamentou a morte recente de mais uma motociclista no trânsito da cidade que aconteceu em cima de um viaduto “ele foi catapultado lá de cima”, disse. Ele relembrou as mortes em cima dos viadutos da cidade por falta de equipamentos de proteção. Os motoboys pedem a instalação de telas laterais em alguns pontos para evitar que os os motociclistas caiam de cima dos viadutos.

“Se nada for feito, se não acelerar o passo a próxima morte a gente vai atribuir a prefeitura de Florianópolis por que ela está sendo conivente com isso daí”, finalizou sua fala na tribuna sob aplausos dos público presente.

A equipe de jornalismo da TVP Grande nFloripa vai continuar acompanhando todas as demandas que foram incluídas em um documento que está sendo elaborado e remetido as autoridades que particparam da Audiência Pública.

Clique aqui para ver a Audiência pública na íntegra.

Por: TV Portal Grande Floripa

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2 thoughts on “Exclusivo: Em 4 anos Capital teve mais de 16 mil acidentes com motos”

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